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A medicina barata dos vasos sanitários

A medicina barata dos vasos sanitários

"Quebrando o tabu que cerca o tema do saneamento".

A questão do acesso a vasos sanitários esta totalmente abandonada em nosso País e que o mesmo ocorre no resto do mundo, fazendo com que as pessoas se sintam muito envergonhadas, por isso, precisamos quebrar o tabu e legitimamos o tema do saneamento.

Para um país crescer é necessário ter gente sadia. É melhor prevenir que as pessoas fiquem doentes do que curá-las. As privadas são a medicina mais barata do mundo. Um adequado saneamento, somado à lavagem das mãos com sabão, reduz as enfermidades entre 50% e 80%. Muitos males como diarreia e os parasitas, se devem basicamente à propagação de patogênicos por meio das fezes e de vias de transmissão como os dedos, os pés, as moscas e os fluidos. É preciso romper isso. As pessoas podem ser saudáveis. São necessárias privadas cobertas para que as moscas não tenham acesso, que as pessoas não pisem, que a chuva não encha e espalhe seu conteúdo, bem como lugares para lavar as mãos. Para conseguir isto precisamos de educação, explicar porque as privadas são boas, torná-las uma tendência em lugar de uma receita. Os sanitários também precisam de donos. Se não houver um dono ficarão inservíveis muito rapidamente. Se alguém compra uma privada, sente que é seu dono. É preciso cultivar o sentimento de propriedade. As pessoas devem ser capacitadas para se encarregar de sua limpeza e segurança. Sem privadas, as pessoas são menos saudáveis e menos felizes, e, como resultado, há produtividade muita baixa e baixa renda. Então, é necessário incorrer em gastos para tratar as doenças, e isto pode afetar a subsistência, criando um círculo de pobreza que, por sua vez, se converte em um problema político. O bom saneamento pode prevenir todas estas bombas de tempo.

Precisamos promover alguns progressos em termos de um enfoque de saneamento total nas comunidades, que impulsiona as pessoas a cavarem seus próprios buracos e terem suas próprias latrinas rudimentares. Com este enfoque, as pessoas se dão conta da necessidade de ter um vaso sanitário adequado. Começam fazendo um buraco e indo a um lugar fixo para defecar. Isto já representa uma grande mudança de comportamento. Logo, se tornam disciplinadas, sentem a necessidade de privacidade e de proteger seus vizinhos. Então, a primeira etapa é simplesmente ir a algum lugar fixo e cobrir o buraco. É muito rudimentar, mas é melhor do que fazer ao ar livre, onde as mulheres podem ser molestadas.

O que precisamos é conseguir colocar os vasos sanitários em um nível mais alto na escala de prioridades das pessoas, tão alto quanto o telefone celular. Para a maior parte dos habitantes do continente, a prioridade tem sido televisão e em seguida o celular, mas não a privada. Precisamos que seja moda ser dono de um vaso sanitário, passando a mensagem de que não possuir um é viver em um estado animal. As pessoas não querem ser classificadas como animais.

Temos que facilitar o acesso, seja ele comprado ou fornecido pelo governo. Necessitamos saneamento seguro, bem como encarregados de limpeza e manutenção dos vasos, que sejam profissionalmente capacitados. E também temos que educar a comunidade para cuidar de suas latrinas, de modo que possa continuar usando-as. Em outras palavras, o esforço exige uma combinação de pessoas, do governo e do setor privado.

Mas o crescimento dos assentamentos irregulares gera muitas dificuldades, não só em termos de fornecimento de latrinas, como também quanto a onde instalá-las. Não se pode estabelecer uma estrutura permanente em terra ilegal. Contudo, as pessoas precisam de privadas. É necessário algum tipo de reforma das leis, que permita instalar vasos sanitários permanentes nesses assentamentos. O governo tampouco é suficientemente rápido em termos de fornecimento, mas creio que está interessado em acelerar o tema, porque sabe que não pode ter uma nação com doentes.

Precisamos ir às escolas para estimular os alunos a começarem a usar os vasos sanitários. Quando utilizam na escola, promovem seu uso em suas casas. Precisamos avaliar se a oferta de vasos sanitários pode cobrir a demanda, assim, estamos criando igualdade de gênero e sustentabilidade. Ansiamos ver o dia em que todas as pessoas de todos os lugares tenham acesso a um vaso sanitário limpo e seguro ao qual possam recorrer sempre que precisarem.

Engenheiro Químico Celso Luís Quaglia Giampá